01 decembro 2006

areia sonora 1.1 (gostas-me)

gostas-me quando te pões francesa...

gostas-me quando te pões alemã...

gostas-me quando te pões eslava..

gostas-me quando te pões asiática...

gostas-me quando te pões africano-profunda... 

gostas-me quando te pões ianque... 

gostas-me quando te pões galega... 

gostas-me quando te pões inexistente, porque posso imaginarte ao meu jeito...

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sons: nada. vício. hora muerta. mona moore.

25 novembro 2006

areia sonora 1.0 (se os passaros falassem)

as palavras são pessadas, coma pedras; se os passaros falassem não poderiam voar... e como fóra chove com ganas, rilho pipas sem parar.

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música: jamie barnes. wings on the line + red prescription.

26 outubro 2006

areia sonora 0.9 (a fama )

Xa fama dura duas horas apenas, um quarto de hora, que vai, ho, que vai... a fama dura três minutos e trinta e cinco segundos, ou menos até. risquei um Xis com giz...

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música: Lara La. · + electrodoméstico.

05 outubro 2006

areia sonora 0.8 (faíscas)

vês tu também essas faíscas que mexem como careixas vorazes engolindo a escuridade jaspeada?

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música: jody hamilton. dripping; ivanovna. the fear.

28 setembro 2006

areia sonora 0.7 (passou o dia passou a romeria)

passou o dia passou a romeria... são miguelinho das uvas maduras, quanto me tardas, que pouco me duras.

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música: letting up despite great faults. maybe I'll hide with you; mayapple weather. the world called today, they sounded pissed. + paisaxe sonora #61 (recolhida por servando barreiro, escoitar.org)

20 setembro 2006

areia sonora 0.6 (quando digo amo-te)

quando digo amo-te digo: quero que me des licença pra te amar. quando dizes amo-te, queres que eu te ame. no caminho... quando digo amo-te, não te estou amando... quando te abraço, se calhar, sim.

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música: kylo. swing sway; dr. dog. ain't it strange. (a cigarra foi vía escoitar.org)

14 setembro 2006

areia sonora 0.5 (conto achado num sapato)

é difícil fazer o que um quer fazer quando sabe que não lhe convém, mas também é muito duro fazer o que a um lhe convém quando um não o quer fazer. E também custa muito trabalho não fazer algo que queres fazer e não podes fazer... porque não o deves fazer.
conto achado num sapato
uma vez fui meter o pé num sapato e manquei a deda gorda com uma pedrinha que dentro havia. Saquei o pé e meti a mão à procura da areia molesta. Cá está! Já topei! Aí está a condenada! mas que é isto? pedra não é, isto é uma bola de papel! abri a bolinha e nela alguém escrevera: num sapato uma pedrinha havia uma vez, mas não era pedra, era papel. assim acontece às vezes, que o que um parece não é sempre o que de certo é.

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música: cantaloup. closer. enfant unique. embrace the city tight.

07 setembro 2006

areia sonora 0.4 (mudar o ponto de vista)

eu_do_revesa vizinha mnica:* propõe mudar o ponto de vista, tentar fazer as coisas do revés de como todos os dias. dar volta aos olhos para ver (ou mirar, como dizemos n'o morraço) com uma outra perspectiva. sim, eu ouvi minha voz gravada, uma cheia de vezes; e olhei, não fotos mas rostos em vivo, do revés. escrevo às escuras quando as ideias vêm furtivas na noite e não posso prender a luz. às vezes desenho co mirar perdido, ainda que isto não é o mesmo que faze-lo sem olhar o papel. sou canhoto, cocheno dizemos cá, e faço muitas coisas como fazem os destros: cavar com o legóm, manipular o rato do pc... cortar a carne co cutelo... o certo é que isto é o que mais fiz, mormente quando o ano passado quebrei o pulso e não quedavam mais colhões que empregar a mão direita; desenhei um auto-retrato até. sim eu fiz alguma dessas coisas, dei volta ao olho para ver melhor. pode ser mais divertido.

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música: stellysee. leichte liebe + this mess is mine. some birds sing like spring is coming through my window + the scottish enlightenment. eyes

la vecina mnica:* propone cambiar el punto de vista, intentar hacer las cosas del revés de como todos los días. dar vuelta a los ojos para ver (o mirar, como decimos en o morrazo) con otra perspectiva. sí, yo oí mi voz grabada, un montón de veces; y vi, no fotos sino rostros en vivo, del revés. escribo a oscuras cuando las ideas vienen furtivas en la noche y no puedo prender la luz. a veces dibujo con mirar perdido, aunque esto no es lo mismo que hacerlo sin ver el papel. soy zurdo, cocheno decimos acá, y hago muchas cosas como las hacen los diestros: cavar con azada, manipular el ratón del pc... cortar la carne con cuchillo... lo cierto es que esto es lo que más hice, mayormente cuando el año pasado quebré la muñeca y no quedaban más cojones que emplear la mano derecha; dibujé un auto-retrato incluso. sí, yo hice alguna de esas cosas, di vuelta al ojo para ver mejor. puede ser más divertido.

31 agosto 2006

areias mexicanas

o amigo corso teve a amabilidade de acolher areias sonoras no projecto de ego99; desde méxico para o mundo, em galego.
el amigo corso tuvo la amabilidad de acoger areias sonoras en el proyecto de ego99; desde méxico para el mundo, en gallego.

30 agosto 2006

areia sonora 0.3 (a casa verde e branca, mais azul)

hoje ia falar da casa verde e branca (mais azul) mas não o vou fazer. tenho saudade da sala e mais dalgum sócio desse clube, mas não falo. ainda assim boto a faltar alguma conversa vã e acompanhadora. hoje entrei, sim, porém fui quem de não espreitar os colóquios, já vou desligando. (nas quartas, areias sonoras)

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música: cantaloup. wasabi + dana hilliot. girl's asses.

15 agosto 2006

areia sonora 0.2 (não preciso de você)

não preciso de você, não preciso o teu querer, não preciso teu corpo, nem teus olhos, nem o riso, não preciso das tuas pernas, nem dos teus braços, nem abraços, não preciso de você para viver; não é por isso, não, somente és o foco cara onde viro as minhas obras, a escusa que emprego; poderia ser qualquer outra, mas agora és tu. isso não quer dizer que eu te ame, nem ame teu corpo, nem teus olhos, nem teu riso, nem tuas pernas, nem teus braços e abraços. também não és minha musa, tão só o destinatário imaginário que utilizo entretanto não chega aquela da que sim precisaria.

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música: andreas mattsson. four majors + linda draper. parasite.

13 agosto 2006

podcasteiros galegos

criou-se um foro para artelhar um "portal-diretório" de podcasts em galego, apuntai-vos e colaborade. está acá.

12 agosto 2006

areia sonora 0.1 (sonorizar pensamentos…)

olá, eis a areia sonora 0.1, e vão dez areias deitadas já. comecei a conta em 0.01 porque ainda não sabia o que ia fazer e quis dar-me um tempo de margem para ir conformando isto.
as últimas areias colheram um tom que Sak chama sonorizar pensamentos com músicas evocadoras. e acho que, pelo menos nas seguintes dez areias mais, levará esse mesmo caminho... aguardo que para quando chegue à areia sonora 1.0 esteja já mais definido.
tinha escritas umas palavras para falar de lumes, de gente má, de gente ruim, de gente mesquinha, avarenta, mas o certo é que já estou farto de tanta palavra, duma beira e mais doutra, cada quem tira para o seu, e um não sabe onde é que está a verdade. se as palavras fossem chuva igual vinham bem, mas não são, e como diz-que vem aí uma rega do céu para a quarta-feira pois abondam as ditas. ía falar também das árvores, das plantas, esse rei autêntico da criação; elas jamais morrem de todo, reagem sempre, topam sempre um caminho de regresso para gomar uma outra vez, por isso é que ver os montes queimados doe-me menos que pertencer à mesma espécie que os que os queimam; o ser humano é quem do melhor e do pior, e quando é tão cruel e feroz, melhor quisera ser árvore, uma árvore incombustível e ignífuga, e quando me fosses queimar dizer-te: não me sai dos colhões arder, não!; mas se logras não te me importa porque vou reagir, e anos depois quando tu estejas morto e já podre, eu ainda estarei vivo, vivo! porque as árvores não morremos nunca.

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música: dana hilliot. why did gods leave us? + to be a tree. (colhido de )

02 agosto 2006

areia sonora 0.09 (ilha vs península)

levo tanto tempo sendo uma ilha que quando as águas baixam e a areia fornece uma ponte com o continente, e mudo em península, não sei que fazer. como é que se comporta uma península? deveria, então, construir uma ponte articicial segura e permanente? mas, e se um dia quero ser ilha outra vez? poderia ceivar-me? e para fazer a ponte precisaria ajuda da outra beira, pois como disse Cortázar: uma ponte não sustem dum lado só.
há um passaro por trás da janela que canta que canta cada noite. há uma lua redonda no teito da terra fitando os meus sonhos. há um mistério calado rilhando-me os boches e cumpre que luite. há uma mulher deitada na cama sonhando com homens.
começar ou tentar a ponte desde a minha ilha se o continente não quer essa união é trabalho valeiro. se calhar, levo tempo de mais sendo ilha e não sei ser península.

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música: half asleep. microwave + morning dust soon.

28 xullo 2006

areia sonora 0.08

Havia uma vez... Mas o circo marchou... E quando o circo marchou, o lugar ficou em silêncio. Alguns não sabem que houve princípio, e eu não conheço o final. Não venhas atrás minha, não me sigas, deixa-me ir porque estou perdido.

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21 xullo 2006

areia sonora 0.07

há três anos... 

é por causa do movemento de sístole-diástole das ondas que escavichan por debaixo dos seus pes, afundíndoa, alí parada, que lembrou aquilo que el lle dixo tres anos atrás: “non é certo o que din, que deus fixo ao home de barro, non. deus usou area movediza, é por iso que temos a teima de afundirnos a nós mesmos, e se podemos e nos deixan, arrastar no afundimento aos que nos arrodean.” alí perto, dous cativos axudan no labor de lembrar; eles, coma deuses sarillos, fabrican un corpo de area mollada para a cabeza do seu pai, que ri abrindo fendas na codia do seu peito co ir e vir dos seus pulmóns. o día esmorece, o sol agocha o seu bandullo tralo morro de monte que coita a praia no seu lado occidental. as sombras dos corpos medran no chan e as cristas das ondas tínguense de ouro. a súa irmá e o seu cuñado sacoden a area das toallas, pregan o parasol e recollen os bolsos e a roupa.

- imos indo para o coche, que xa vai refrescando.
- eu fico un anaco máis- di.
- e logo, despois, como sobes?
- andando amodiño.
- como queiras; se non, chamas, e baixa Manuel co coche, vale?
- non, xa vou indo eu aos pouquiños.
mentres eles soben cara ao aparcadoiro, e baten nos pes para tira-la area, ela senta fóra da toalla, enterra as mans e os pes e fita a raia do horizonte, no punto onde os dous azuis se xuntan nun só. os cativos co pai de area fican agora á súa esquerda, e o sol, case durmido, á súa dereita. pensa que tres anos sen saber de alguén son moitos para non existir unha parede de odio. cando pasou todo aínda mantiveron contacto tres ou catro meses. el deixou de chamar e escribir, e ela non quería facelo por medo aos malos entendementos.

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soundtrack: 20 years of snow. regina spektor.

19 xuño 2006

areia (video)sonora 0.06

esta é a prática da que falava na areia sonora 0.06; é minha primeira viagem pelo audiovisual, está editado em hora e meia, depressa, o áudio ficou algo baixo, mas... é meu, sede indulgentes ;) esta es la práctica de la que hablaba en la areia sonora 0.06; es mi primer viaje por el audiovisual, está editado en hora y media, a la carrera, el audio quedó algo bajo, pero... es mío, sed indulgentes ;)
*atualizado. reeditado co som mais alto e algum frame menos.

13 xuño 2006

areia sonora 0.06

jogando na casa com uma prática do curso que ando a fazer, tirando do fio de de fem benpaend, que tira de det perfekte menneske.

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  • há quem diz que o ser humano foi criado perfeito e de barro, mas isso é incerto; o ser humano está feito de areia, de areia movediça.
  • precisa um ser humano, para ser perfeito, ser alto? precisa um ser humano, para ser perfeito, ser baixo?
  • é mais perfeito quanto mais magro? ou é mais perfeito quanto mais grosso?
  • pode ser perfeito um ser humano sem a sua perna esquerda?
  • pode ser perfeito um ser humano sem a sua perna esquerda e sem o seu braço direito?
  • pode ser perfeito um ser humano sem a sua perna esquerda, sem o seu braço direito... e míope?
  • pode ser perfeito se ademais perde a cabeça?
  • pode haver um ser humano perfeito, ou é impossível... porque está feito de areia, de areia movediça... e por isso teima em se afundar e arrastar consigo aos que tem ao seu lado?

09 xuño 2006

areia sonora 0.05

henrique galvaoo galvão. numa outra areia sonora, na que recolhia uma conversa familiar na que se falava de baptizos, falou-se também dum cura da paróquia alcunhado o ghalvao. eu toda vida o conheci por esse nome, mas ignorava de onde era que vinha, e no laretear daquele dia soube que a alcunha vinha de Henrique Galvão, contemporâneo da chegada daquele cura a freguesia, e famoso pelo sequestro do transatlântico Santa Maria, rebaptizado nesse dia como Santa Liberdade. resolvi pois documentar-me um pouco e descobri que: há feito um filme documentário que conta a história (2004, Margarita Ledo Andión), que foi uma acção contra das ditaduras de Franco na Espanha e de Salazar em Portugal, que cesare falou no seu momento da estreia do documentário, e que Os Tres Trebóns e o Vendaval do Rosal fizeram uma canção homenagem.

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23 abril 2006

areia sonora 0.04

efectos bolboreta

O que traballa coa perforadora para facer unha autoestrada de peaxe, e morren centos de persoas por un terremoto.
A avioneta que orballa pesticida nunhas leiras, e morren ducias de persoas asolagadas polas chuvias.
O coche que perde aceite, e milleiros de peixes morren polo petróleo envorcado por un buraco nas adegas dun petroleiro enferruxado.
O partido político que fai unha churrascada popular, e arden ferrados de monte caducifolio.
O monte caducifolio que arde, e aumenta a producción de papel hixiénico.
O conselleiro que se mergulla na súa piscina do seu chalé, e morren moreas de persoas por un maremoto.

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18 abril 2006

areia sonora 0.03

quando um menino novo chega à família, trai lembranças e anedotas debaixo do braço...

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cuando un niño nuevo llega a la familia, trae recuerdos y anécdotas debajo del brazo...

05 abril 2006

areia sonora 0.01

as areias comuns metem-se nos olhos, as areias sonoras entram pelas orelhas.

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las arenas comunes se meten en los ojos, las arenas sonoras entran por las orejas.