13 agosto 2006

podcasteiros galegos

criou-se um foro para artelhar um "portal-diretório" de podcasts em galego, apuntai-vos e colaborade. está acá.

12 agosto 2006

areia sonora 0.1 (sonorizar pensamentos…)

olá, eis a areia sonora 0.1, e vão dez areias deitadas já. comecei a conta em 0.01 porque ainda não sabia o que ia fazer e quis dar-me um tempo de margem para ir conformando isto.
as últimas areias colheram um tom que Sak chama sonorizar pensamentos com músicas evocadoras. e acho que, pelo menos nas seguintes dez areias mais, levará esse mesmo caminho... aguardo que para quando chegue à areia sonora 1.0 esteja já mais definido.
tinha escritas umas palavras para falar de lumes, de gente má, de gente ruim, de gente mesquinha, avarenta, mas o certo é que já estou farto de tanta palavra, duma beira e mais doutra, cada quem tira para o seu, e um não sabe onde é que está a verdade. se as palavras fossem chuva igual vinham bem, mas não são, e como diz-que vem aí uma rega do céu para a quarta-feira pois abondam as ditas. ía falar também das árvores, das plantas, esse rei autêntico da criação; elas jamais morrem de todo, reagem sempre, topam sempre um caminho de regresso para gomar uma outra vez, por isso é que ver os montes queimados doe-me menos que pertencer à mesma espécie que os que os queimam; o ser humano é quem do melhor e do pior, e quando é tão cruel e feroz, melhor quisera ser árvore, uma árvore incombustível e ignífuga, e quando me fosses queimar dizer-te: não me sai dos colhões arder, não!; mas se logras não te me importa porque vou reagir, e anos depois quando tu estejas morto e já podre, eu ainda estarei vivo, vivo! porque as árvores não morremos nunca.

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música: dana hilliot. why did gods leave us? + to be a tree. (colhido de )

02 agosto 2006

areia sonora 0.09 (ilha vs península)

levo tanto tempo sendo uma ilha que quando as águas baixam e a areia fornece uma ponte com o continente, e mudo em península, não sei que fazer. como é que se comporta uma península? deveria, então, construir uma ponte articicial segura e permanente? mas, e se um dia quero ser ilha outra vez? poderia ceivar-me? e para fazer a ponte precisaria ajuda da outra beira, pois como disse Cortázar: uma ponte não sustem dum lado só.
há um passaro por trás da janela que canta que canta cada noite. há uma lua redonda no teito da terra fitando os meus sonhos. há um mistério calado rilhando-me os boches e cumpre que luite. há uma mulher deitada na cama sonhando com homens.
começar ou tentar a ponte desde a minha ilha se o continente não quer essa união é trabalho valeiro. se calhar, levo tempo de mais sendo ilha e não sei ser península.

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música: half asleep. microwave + morning dust soon.

28 xullo 2006

areia sonora 0.08

Havia uma vez... Mas o circo marchou... E quando o circo marchou, o lugar ficou em silêncio. Alguns não sabem que houve princípio, e eu não conheço o final. Não venhas atrás minha, não me sigas, deixa-me ir porque estou perdido.

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21 xullo 2006

areia sonora 0.07

há três anos... 

é por causa do movemento de sístole-diástole das ondas que escavichan por debaixo dos seus pes, afundíndoa, alí parada, que lembrou aquilo que el lle dixo tres anos atrás: “non é certo o que din, que deus fixo ao home de barro, non. deus usou area movediza, é por iso que temos a teima de afundirnos a nós mesmos, e se podemos e nos deixan, arrastar no afundimento aos que nos arrodean.” alí perto, dous cativos axudan no labor de lembrar; eles, coma deuses sarillos, fabrican un corpo de area mollada para a cabeza do seu pai, que ri abrindo fendas na codia do seu peito co ir e vir dos seus pulmóns. o día esmorece, o sol agocha o seu bandullo tralo morro de monte que coita a praia no seu lado occidental. as sombras dos corpos medran no chan e as cristas das ondas tínguense de ouro. a súa irmá e o seu cuñado sacoden a area das toallas, pregan o parasol e recollen os bolsos e a roupa.

- imos indo para o coche, que xa vai refrescando.
- eu fico un anaco máis- di.
- e logo, despois, como sobes?
- andando amodiño.
- como queiras; se non, chamas, e baixa Manuel co coche, vale?
- non, xa vou indo eu aos pouquiños.
mentres eles soben cara ao aparcadoiro, e baten nos pes para tira-la area, ela senta fóra da toalla, enterra as mans e os pes e fita a raia do horizonte, no punto onde os dous azuis se xuntan nun só. os cativos co pai de area fican agora á súa esquerda, e o sol, case durmido, á súa dereita. pensa que tres anos sen saber de alguén son moitos para non existir unha parede de odio. cando pasou todo aínda mantiveron contacto tres ou catro meses. el deixou de chamar e escribir, e ela non quería facelo por medo aos malos entendementos.

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soundtrack: 20 years of snow. regina spektor.